domingo, 7 de março de 2010

NO PAÍS DOS TUCANALHAS


Você é brasileiro, patriota, consciente, se envergonha ao saber de pessoas poderosas que abusam do poder para saciar interesses pessoais e partidários. Então você tem um dever com a sua consciência, e um dever na conscientização de outros brasileiros como você.

Nosso país está aos poucos sendo tomado de assalto por uma quadrilha poderosa, rica, influente nos meios empresariais e midiáticos. E esse processo já dura cerca de 15 anos.

Nascido em São Paulo, e alimentado financeiramente pelos cofres públicos paulistas, desde que esta quadrilha tomou para si o Palácio dos Bandeirantes, e toda a estrutura estatal paulista, que nosso país vive sitiado pelo projeto de poder tucano.

Desde que o PSDB vendeu sua alma ao capeta para conseguir vencer as eleições majoritárias de 1994, como para a Presidência da República e para os três Estados mais ricos da nação, que nosso país vive uma nova fase em sua República. A fase da mentira, da enganação, dos disfarces, do clientelismo partidário.

E sua mente corre perigo, pois muitas dessas enganações foram parar no subconsciente de milhões de brasileiros.

A estratégia do PSDB é exatamente essa: Parecer que são "bons administradores", para que aquele típico cidadão de classe média, que geralmente não se importa muito com política e cidadania, comece a achar que "está tudo bem" e assim passe a ter seu subconsciente dominado por esta idéia que o PSDB quis colocar em sua cabeça, e passe a votar automaticamente no número 45 de 2 em 2 anos.

No presente momento que passa a política paulista e nacional, a ameaça torna-se ainda maior, e ela tem nome: José Serra.

Conhecido por manobras sujas nos bastidores, Serra já derrubou muita gente para chegar ao posto de provável nome do PSDB para a Presidência em 2010.

Serra é amigo de muitos empresários e donos de meios de comunicação, como a Revista Veja. Esta publicação está, já há alguns anos, servindo como panfleto partidário do PSDB, com matérias políticas compradas, cujo maior intuito é derrubar a imagem e a moral de políticos que são adversários do PSDB.

Basta lembrar dos escândalos envolvendo Paulo Maluf (adversário direto dos tucanos em São Paulo, dividindo o eleitorado direitista paulista), das derrubadas de candidaturas de Roseana Sarney em 2002, Anthony Garotinho (adversários de Serra na campanha pré-eleitoral de 2002 e 2006, respectivamente), e do espetáculo pirotécnico que a revista sempre faz quando encontra alguma coisa comprometedora envolvendo o PT, partido que impede o PSDB de exercer a supremacia na política tupiniquim.

É exercendo este tipo de influência é que o PSDB quer conquistar a mente de muitos brasileiros. No estado de São Paulo já conseguiu, até pela facilidade encontrada pelos tucanos, pois a maioria dos eleitores paulistas não tem muito senso crítico quanto a política e cidadania, e geralmente digere com fácil aceitação tudo que sai na grande imprensa.

O Brasil só não voltou a ter o PSDB na Presidência em 2006 graças ao Norte e Nordeste, que votaram maciçamente em Lula, mais pelo carisma do Presidente, do que por tomada de conhecimento das ações anti-éticas de Geraldo Alckmin no Governo de São Paulo.

Mas uma hora acontecerá o desgaste natural de Lula e do PT, algo natural para quem fica tanto tempo consecutivo no poder e não tem a simpatia da grande mídia nacional, que espera ansiosamente uma nova oportunidade de fazer espetáculo com escândalos políticos que envolvam o Presidente e a Ministra Dilma Rousseff.

E quando o desgaste chegar, o Brasil correrá perigo, pois não há nenhum outro grupo político com força o suficiente para eleger um Presidente da República, e conseguir arrebatar um grande número de governos estaduais em 2010, que não seja o PT e o PSDB.

Com o PT já desgastado, sobrará a alternância de poder com o PSDB, e assim viraremos uma grande república bi-partidarizada, com “Democratas” e “Republicanos”.

A conscientização dos brasileiros não é para que só votem no PT, até porque isto causaria um outro tipo de supremacia na nossa política, e mesmo que o partido de Lula não conte com a simpatia da Grande Hipocrisia Nacional, formada pela aliança mídia/empresários reacionários, não seria o ideal mantê-los no poder por tanto tempo.

Mas acima de tudo, é preferível isto do que a volta dos fascistas do PSDB ao poder.

O melhor é que cada brasileiro tome consciência da importância da formação de novas forças políticas, do ressurgimento do PMDB e do PDT brizolista. Em caso de polarização entre PT e PSDB, o eleitor que não quiser votar no PT, que ao menos vote Nulo, pois só assim aumentaremos a chance de que a eleição seja anulada e, por lei, tenha que acontecer outra eleição, com outros candidatos.

Os urubus azuis e amarelos estão sobrevoando nossa nação, e querem devorar a carniça de nossos cérebros mortos, que os alimentam de votos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

José Serra mente




Achei curioso um comunicado que apareceu nos comentários de um blog que acessei a poucos dias. Decidi postar aqui muito pela boa elaboração do texto, por ser curto e dizer muito sobre os acontecimentos mais recentes envolvendo o candidato do PSDB à Presidência da República que nos últimos 3 anos fingiu ser Governador de São Paulo, José Serra.

"José Serra mente. Mentiu no passado sobre seu currículo e mente hoje sobre seus adversários. Usa a mentira como método. Aposta na desinformação da classe média e abusa da boa fé do cidadão.

Mente sobre o Governo de São Paulo, mente sobre sua função. Não é gerente de um governo e, sim, de uma embalagem publicitária que amarra no mesmo pacote obras municipais, estaduais, privadas e até mesmo federais. Mente ao somar todos os recursos investidos por todas essas instâncias e apresentá-los como se fossem resultado da ação do governo estadual.

Apropria-se do que não é seu e vangloria-se do que não faz.

Dissimulado, José Serra assegurou que não tinha solicitado à imprensa paulista a confecção de um dossiê sobre o PT. Mentira! As amizades pessoais de José Serra com diretores, colunistas e editores de redação dos grandes veículos de comunicação comprovam isso.

Durante anos, mentiu sobre seu currículo. Apresentava-se como formado em Engenharia Civíl pela Politécnica de São Paulo, e de fato não é.

Além de mentir, José Serra omite. Esconde que, em 36 meses de governo, apenas a minoria das obras listadas pelo Governo de São Paulo foram concluídas – a maioria tocada pela união e municípios. A maioria dessa lista fantasiosa do Governo de São Paulo ainda não saiu do papel.

Outra característica de José Serra é transferir responsabilidades.

A culpa do desempenho medíocre é sempre dos outros: ora o bode expiatório da incompetência gerencial são as exigências ambientais, ora a fiscalização do Tribunal de Contas do Estado, ora o bagre da segurança pública, ora o crime organizado.

Assume a obra alheia que dá certo e esconde sua autoria no que dá errado.

José Serra se escondeu durante horas após o desabamento da ponte do Rodoanel. Quando falou, o ex-ministro do Planejamento e Governador de São Paulo não sabia o que dizer, além de explicar houveram falhas que causaram o acidente. Falhas essas de responsabilidade de empreiteiras contratadas pelo Governador, portanto, de responsabilidade também de José Serra.

Até hoje, José Serra também se recusou a falar algo sensato sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos, se limitou a fazer campanha política criticando o governo federal. As barbaridades cometidas pela ditadura militar no Brasil, e que podem ser averiguadas pelo PNDH, incomodam grande parte daqueles que apóiam José Serra para Presidente, e por incomodar aliados do Governador, incomodam o próprio, sendo que estes aliados estavam sustentando a ditadura, sustentando a censura, a falta de liberdade, perseguindo os defensores da democracia, criminalizando os movimentos sociais e liquidando o direito à liberdade política e independência econômica.

Está claro, portanto, que mentir, omitir, esconder-se, dissimular e transferir responsabilidades são a base do discurso de José Serra. Mas, ao contrário do que ele pensa, o Brasil não é um país de bobos."

quinta-feira, 14 de maio de 2009

(Humor) Quais categorias tem semelhanças com grupos políticos brasileiros?




Para descontrair um pouco, ano passado fiz um texto pequeno com uma bem humorada comparação entre as principais categorias do automobilismo e os grupos políticos brasileiros. Quais que você acha que tem as mesmas caracaterísticas? Poste nos comentários. Divirtam-se.

Categoria PSDB = Fórmula 1
Todo mundo tem o subconsciente dominado pela lavagem cerebral imperceptível que eles fazem. Todo mundo acha que é a categoria máxima, quando na verdade esconde para debaixo do tapete todas as suas roubalheiras e canalhices. É a categoria que mais tem apoio da mídia (igual aos tucanos), e ainda sim tem corridas chatíssimas e com acontecimentos contestáveis (igual aos governos psdbistas). Quem não gosta dela é estereotipado de forma pejorativa, mesmo que seja alguém consciente.

Categoria Lula = F-Indy
Tem defeitos e precisa melhorar em vários pontos, e há quem conteste, por achar Lula/Tony George um canalha, mas na média geral é a melhorzinha das que estão aí. Tem equilíbrio (justiça social), boas disputas (bons projetos), e agora com a Reunificação (PAC) tem tudo para crescer. O único problema é que a crise econômica pode atrapalhar um pouco.

Categoria Heloísa Helena = NASCAR
Categoria radical, cheio de bate-bate, e igual a radical política alagoana que gosta de bater em todo mundo, tem muito equilíbrio (justiça social). Mas no fundo não vai muito longe, pois é uma categoria feita por rednecks sulistas para rednecks sulistas, igual ao PSOL, feito por radicalóides esquerdistas para radicalóides esquerdistas que não progrediram.

Categoria Leonel Brizola = CART/ChampCar
Era muito boa e muitos gostavam, exceto os tucanos que exaltam a F-1. Brigava por democracia e tinha um sistema interno bastante democrático, mas tal como o bravo político gaúcho, a CART/ChampCar já morreu.

Categoria Paulo Maluf = Fórmula 3 Sulamericana
Já fez muitas obras (revelou pilotos em começo de carreira) e teve grandes dias de glória, mas hoje anda meio combalida, fraca, esquecida, tal como Maluf. Ultimamente não fez mais nada.

Categoria César MALA = Baixarias de domingo na TV
Tal como o prefeito carioca, é um fator DESTRUIDOR DO ESPORTE AUTOMOBILÍSTICO.

A FÓRMULA INDY PODE FATURAR ENCIMA DOS ERROS DA FÓRMULA 1


A FÓRMULA INDY PODE FATURAR ENCIMA DOS ERROS DA FÓRMULA 1

A FERRARI NÃO ACEITA O TETO ORÇAMENTÁRIO PROPOSTO NA F-1

Em meados de maio de 2009 a imprensa mundial e os fãs de automobilismo se deparam com notícias diárias sobre os desentendimentos entre os dirigentes da Fórmula 1.

A história é muito longa, mas os fatos mais recentes contam que esse reboliço do momento se iniciou com a brilhante (não estou ironizando) idéia de Max Mosley.

O Presidente da FIA e chegado num bacanal sado-masoquista nas horas vagas propôs ao conselho mundial da federação mais mudanças nas regras da Fórmula 1. A começar pelo teto orçamentário, a mais polêmica delas, junto com a idéia de Bernie Ecclestone em definir o campeão-mundial pelo número de vitórias na temporada, e não mais pelo número de pontos na mesma.

A idéia de Mosley, na minha opinião, é boa.

A Fórmula 1 há muitos anos é megalomaníaca, esbanjadora, gastona, corporativa demais. Com esse excesso de dinheiro que as equipes da categoria necessitam para ser tão arrogantes cria-se um clima com o pior que existe no capitalismo sem-regras, que vigorou durante os anos de ouro do Neoliberalismo.

Limitar esses gastos é uma boa idéia, para fazer prevalecer nos resultados não mais a força da grana, o poder dos patrocinadores mais ricos, que por consequencia tem mais dinheiro para investir em projetos caros que podem garantir vitórias, mas sim a criatividade humana, a vontade e garra dos pilotos dentro dos cockpits, e não mais o simples cumprimento de 300 quilômetros de corrida na qual o resultado será definido dependendo da velocidade do carro que guia.

Há cerca de 10 anos já defendia idéias de limitar gastos na Fórmula 1, o único jeito seria com controle externo, auditoria, e a proposta de Mosley é bem por aí.

Confesso não gostar do Presidente da FIA, e não é porque ele propôs uma coisa que quero ver na categoria há tantos anos que vou mudar de opinão. Ele, e seu chefe-comparsa Bernie Ecclestone, representam o que há de mais podre, retrógrado e asqueroso há no mundo do automobilismo de ponta. As atitudes dos dois ao longo dessas década de Fórmula 1 mostram claramente isso.

Só que há muitos incomodados com essas idéias de teto orçamentário e campeões por vitórias.

O principal dos incomodados chama-se Luca di Montezemolo, que vem sumariamente ameaçando sair da Fórmula 1 (isso mesmo, deixar a categoria, você não leu errado não) caso o teto orçamentário seja aprovado.

As críticas de Montezemolo, via imprensa, servem mais como instrumento de pressão contra as intenções de Mosley.

A mesma Ferrari já fez isso várias vezes, e uma delas envolveu a Fórmula Indy em meados da década de 80 quando Enzo Ferrari mandou construir um carro de Fórmula Indy para pressionar a FISA de Jean-Marie Balestre. Venceu a briga, e ficou na Fórmula 1, deixando o projeto de Indy como uma curiosidade histórica, pois o carro foi parar em um museu e o motor virou o Alfa Romeo usado na Indy no começo dos anos 90.

Só que o assunto está ficando sério dessa vez. A pressão de Montezemolo ultrapassou o âmbio das mensagens via imprensa, e partiu para a negociação direta com outras categorias, a Fórmula Indy é a principal delas.

A FÓRMULA INDY É UM POSSÍVEL DESTINO DA FERRARI CASO SAIA DA F-1

Por ser uma categoria já estabelecida há muito tempo (para dizer a verdade, há bem mais tempo que a Fórmula 1, existem campeonatos de Indycars desde 1916!) a Indy larga na pole-position para receber a Scuderia Ferrari caso ela deixe mesmo a Fórmula 1.

No momento a Fórmula Indy vive dias de pós-reunificação (tal como a Alemanha no início dos anos 90) e espera pelo fim da crise financeira internacional que iniciou justamente no país da categoria, os Estados Unidos. A crise financeira empacou alguns projetos mais ousados da categoria no curto prazo, como a entrada de novos fornecedores de chassis e motores.

Só que se a Ferrari deixar a Fórmula 1 e quiser entrar em outro campeonato com visibilidade mundial, pode tudo virar de cabeça para baixo no feudo de Anton Hulman George, o Tony George, "TG".

A Fórmula Indy já teria um belíssimo concorrente para o conjunto Dallara-Honda, única combinação chassis-motor da categoria nas duas últimas temporadas, afinal, a Ferrari sempre construiu chassis e motor para competir.

No caso de um desembarque ferrarista na IndyCar Series, é de se esperar que seja o maior orçamento da categoria, e também que vai ganhar corridas e campeonatos de imediato (ou não, explico mais abaixo). Talvez Tony George apenas exija da Ferrari que ela venda seus motores para outras equipes, e assim fazer a Honda ter uma real concorrente na categoria americana, algo que a própria montadora japonesa já desejava desde antes da fusão CART/IRL, ocorrida no início de 2008.

Mas pode ser que a Ferrari tenha que suar muito a camisa antes de ganhar na categoria dos ovais e mistos. Afinal, é um projeto completamente diferente, pois o campeonato possui um regulamento totalmente restrito na parte técnica, e a Ferrari teria que trabalhar encima das poucas brechas que há.

Outro fator que pode fazer a Ferrari não ser um sucesso imediato na Indy é o fato do chassis Dallara e do motor Honda estarem consolidados na Indy há muitos anos, e todos os adversários (ou seja, o resto do grid, menos os 2 supostos carros vermelhos de Maranello) terem informações totais desses equipamentos. Algo que a Ferrari começaria do zero, pois iria fabricar do zero seu protótipo.

E para finalizar, é bom lembrar que na F-Indy se corre em circuitos ovais, em média 10 vezes por ano, e esse é um tipo de pista que a Ferrari desconhece por completo, e seria um desafio total para os italianos entenderem a lógica de acerto de carro nesse tipo de circuito.

A FÓRMULA INDY PODE PAGAR UM ALTO PREÇO SE RECEBER A FERRARI

Mas mesmo que a Ferrari vença tudo, a publicidade que a F-Indy ganharia com essa chegada seria fabulosa. A Ferrari tem nos Estados Unidos o seu maior mercado, bem como possui milhões de fãs ao redor do mundo, que estarão com a Ferrari esteja onde ela estiver. A Fórmula Indy passará a ser realmente acompanhada por muito mais gente do que é hoje.

Pode-se imaginar que se o casamento Ferrari/IndyCar for concretizado e der certo, a Scuderia de Maranello não tardará a ter um 3° autódromo na Itália, dessa vez um circuito oval para receber a Indy em uma possível "Italy Indy 500". Mais um pouco e esse texto vai para a "Coluna Viajando" deste blog, destinado a textos com algumas viagens na maionese.

Claro que se a Indy vai faturar muita publicidade com a chegada da Ferrari, e isso é uma tremenda vantagem, há que se lembrar das desvantagens que a chegada da maior e mais rica equipe da Fórmula 1 pode trazer para o campeonato de Tony George.

Em primeiro lugar a Ferrari sai da Fórmula 1 porque não pode mais gastar tanto quanto quer. Isso significa que onde ela for é porque encontrou um lugar onde pode gastar o que desejar, então os custos por temporada na Fórmula Indy irão subir, pois o nível tecnologico da Indy poderá ser elevado por conta da competição Ferrari x O-resto-do-grid-de-Dallara/Honda.

A única resposta para essa escalada tecnologica é se a Honda quiser comprar a briga, e se motivar a investir na Indy aquilo que ela deixou de investir na Fórmula 1 a partir deste ano (afinal, a montadora japonesa deixou o campeonato de Max Mosley e Bernie Ecclestone, mas ficou no certame de TG).

De qualquer modo é obvio que os custos na Indy vão subir demais, para um patamar talvez nunca antes visto na história das Indycars, nem mesmo nos anos de ouro da CART na década de 90.

E essa escalada de custos, que se tornou um problemão na Fórmula 1, pode se tornar um problema ainda maior na F-Indy, pois todas as demais equipes não estão acostumadas a gastar mais do que 30 milhões de dólares por ano, sendo que muitas delas tentam sobreviver com menos de 10 milhões de dólares por ano. As que não conseguem nem 4 milhões acabam por competir somente nas 500 Milhas de Indianapolis e talvez em mais uma ou duas corridas do resto do campeonato.

Lembrar que a Ferrari gasta anualmente 400 milhões de dólares na Fórmula 1.

Esse tipo de orçamento, embora Tony George permita que a Ferrari faça, pode ser um tiro no pé para os demais times, que tem estruturas menores e mais humanas do que as robóticas equipes da Fórmula 1, acostumadas a gastar mais de 200 milhões de dólares por ano para tentar 1 pódio na temporada.

Pode ser que muitos times pequenos venham a falir em pouco tempo, reduzindo o grid da Indy para escassos 20 carros, ou menos, tal como a Fórmula 1.

E aí mora o perigo para o futuro da Fórmula Indy, caso aceite faturar encima dos desentendimentos dos dirigentes da Fórmula 1.

E para finalizar, lembrar que no automobilismo americano existe um sentimento geral de preservação da esportividade. Ou seja, politicagens para favorecimento de pilotos dentro das equipes é prática pouco usual e muito mal vista no meio. Isso fica claro quando se recorda que a maior equipe da Indy, a Penske, já perdeu campeonatos (como o da IRL em 2002) por se manter leal aos pilotos e não favorecer nenhum deles.

A Ferrari tem um vasto histórico de politicagens e mesquinharias, que vem desde os tempos do Comendador Enzo Ferrari, ganhou força nos nojentos anos da era-Schumacher na equipe, e ainda sobrevive no time que está jogando no lixo a carreira do veloz e despreocupado Kimi Raikkonen, em favorecimento do limitado e politiqueiro Felipe Massa.

Será que a política da Ferrari seria bem recebida no mais purista automobilismo americano? Será que fazer corridas como o da Áustria de 2002 pegará bem junto ao público americano?

Esse é o preço que a Indy pode ter que pagar para conseguir milhões de ferraristas como fãs. Espero que não dê no mesmo fim que está dando a Fórmula 1.

A FÓRMULA INDY PODE LUCRAR CASO ACONTEÇA UM RACHA NA FÓRMULA 1

Mas o que minha intuição diz não é que a Ferrari vai se mudar para a Fórmula Indy. Pode acontecer na Fórmula 1 exatamente o que houve na Indy há poucos anos atrás, caso Max Mosley e Bernie Ecclestone não recuem nem um pouco: Um racha.

Isso mesmo, um racha, uma divisão, uma cisão, um "split", igualzinho ao que aconteceu na Fórmula Indy em 1996, e que durou 12 anos.

Provavelmente a Ferrari não é a única equipe tremendamente insatisfeita com a idéia de teto orçamentário e campeão por vitórias, outros times como Toyota e Red Bull também já se manifestaram contra e cogitam sair da F-1 caso tudo isso seja aprovado pela FIA.

Certamente as montadoras Renault, BMW e Mercedes-Benz também não devem ter gostado nada. A especulosa imprensa especializada em Fórmula 1 já dá como certa a saída da Mercedes, e ela usaria essa história de teto orçamentário apenas como desculpa.

Para os lados da Renault a idéia de teto orçamentário pode soar bem, afinal o executivo da empresa, o brasileiro pão-duro Carlos Ghosn é um conhecido "enxugador de orçamentos", e para ele pode ser uma razão a mais para ficar na Fórmula 1, e melhor ainda se as outras sairem.

Porém uma Fórmula 1 sem Ferrari, Toyota, Red Bull e Mercedes-Benz dá uma boa idéia...

A primeira idéia poderia ser todas elas se mudando em peso para a Fórmula Indy. A Toyota já forneceu motores para várias equipes nos campeonatos da categoria, na CART entre 1996 e 2002, e na IRL entre 2003 e 2005. A Red Bull foi patrocinadora da equipe de Eddie Cheever na IRL entre 2002 e 2005, e a Mercedes-Benz forneceu motores através da Illmor para algumas equipes da CART, incluindo a poderosa Penske, entre 1994 e 2000.

Mas com tanta gente insatisfeita junta, a tendência é eles se juntarem, e tirarem da gaveta uma idéia muito debatida entre 2003 e 2005: A de um campeonato paralelo ao da Fórmula 1, feito pelas montadoras.

A pressão das montadoras Ferrari, Mercedes-Benz, BMW, Renault e Ford (quando ainda estava na F-1, pela equipe Jaguar) fez efeito, e um novo Pacto de Concórdia foi feito, ao sabor das montadoras e ficou todo mundo junto, mas por vários momentos a idéia de um GPWC (Grand Prix World Championship) foi seriamente aventado.

Dessa vez pode dar certo, e o campeonato paralelo sair, para as montadoras gastarem anualmente o quanto quiserem, sem limites orçamentários e sem mudanças de regulamento todo ano, bem como longe da ganância sanguessuga de Bernie Ecclestone no comando de todos os direitos comerciais.

Se a Fórmula 1 rachar, entre a GPWC das montadoras e a F-1 de Mosley/Ecclestone, quem mais lucra com isso? A já reunificada Fórmula Indy, que experimentou 12 anos de divisão e sabe muito bem o que isso trás: um campeonato tira forças do outro e ambos diminuem. Foi o que aconteceu entre a CART e a IRL no período de 1996-2007.

Por isso, para a Fórmula Indy faturar encima da Fórmula 1, o jeito é manter sua receita de baixo-custo (mas sem imposições) para as equipes e regras estáveis, bem como uma torcida para que Bernie Ecclestone e Max Mosley não recuem nem um pouquinho em seus planos, cedendo de vez à ganância típica de velhos caducos que eles são, e assim uma nova era no automobilismo de ponta está para nascer.

Antonio Pessoa - Araraquara/SP, 14 de Maio de 2009.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

SOBRE BARACK OBAMA


A partir de hoje os EUA tem um novo presidente: o negro Barack Obama.

É um dia histórico, esse 20 de Janeiro de 2009 para os EUA tem uma grande semelhança com o 1° de Janeiro de 2003, dia em que o atual Presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, tomou posse.

Tanto Lula como Obama representam uma evolução, um progresso para a democracia.

Para o Brasil a eleição de Lula foi o fim do conservadorismo tapado que dizia que “apenas homens doutorados poderiam se tornar presidentes”, e com a chegada ao poder do primeiro homem que realmente veio do povo constatamos que diploma universitário realmente não tem importância para que o indivíduo se torne um bom presidente, e é o que estamos vendo com Lula, que administra bem o Brasil desde então, nos fazendo mais sólidos economicamente, e lentamente começando a diminuir as diferenças sociais.

Opiniões tucanas e tele-guiadas á parte, só não enxerga isso quem não quer ver para tentar manter as opiniões burras de seus preconceitos conservadores e direitistas de décadas atrás.

Mas voltando ao Obama, ele também representa uma evolução para a democracia, pois pode ser o fim do conservadorismo tapado de lá, que diz que “apenas homens brancos podem se tornar presidentes”, e com a chegada ao poder do primeiro negro é que vamos constatar que a cor da pele não tem importância para que o indivíduo seja um grande presidente.

Obama tem uma energia muito forte que o envolve, e eu sinto isso. Confesso que boto muita fé nele, para que enfim seja um bom presidente para os EUA e para o Mundo.

Claro que não sou ingênuo a ponto de achar que Obama será radicalmente diferente dos antecessores, que vai retirar todo o apoio que dá ao fascista Estado de Israel, que vai retirar todas as tropas do exército que estão fora do terrritório americano, que vai parar de tentar influenciar em assuntos internos de outros países apenas para saciar interesses americanos, e outras coisas ruins que o governo dos EUA aprontou ao redor do mundo ao longo das últimas décadas.

Tal como Lula em 2003, o Obama de 2009 não pode radicalizar, sob o risco de ser considerado um mau presidente e arrancado do poder por aqueles que tanto o odeiam, como é o caso da sociedade tucana conservadora do sudeste-sul do Brasil, e os brancos racistas rednecks imbecis do sul e interior americano, respectivamente.

Mas se pelo menos o Obama de 2009 começar a:
Contornar os efeitos ruins da crise econômica americana, a ponto de estancar sua disseminação ao redor do Mundo
Intervir na economia com um novo New Deal para que o livre mercado seja livre, mas seja regulado, para ser acima de tudo responsável e não causar novas crises econômicas
Retirar todas as tropas americanas que invadiram o Iraque
Estabilizar a situação no Afeganistão e também puxar o carro de lá logo
Estabelecer relações diplomáticas com países de Terceiro Mundo que apenas fizeram suas próprias escolhas sobre seu destino, como Irã e Cuba
Não tentar intervir na política de países da América Latina que nos últimos 10 anos tencionou democraticamente a eleger presidentes de esquerda
Tudo isto já será um formidável progresso, já fará de Barack Obama um dos melhores presidentes
dos EUA do último século, talvés atrás somente de Franklin Roosevelt.

Mas mesmo que ele cumpra apenas parcialmente estas metas, ainda sim ele será bem melhor do que foi Bush.

Sua secretária de estado será Hillary Clinton, ex-primeira dama, que tem alguma experiência internacional. Vai ser interessante ver como ela vai se comportar comandando o carro-chefe da diplomacia americana, sendo que as relações que ela vai desenvolver com países do Oriente Médio e América Latina merecerão maior atenção. Também torço por ela.

Mas para concluir: Quero que esta magia que há ao redor de Barack Obama não se acabe, pois ele é um iluminado, e para que ele continue a ter esta popularidade mundial será preciso fazer um bom governo.

Eu queria o mesmo de Lula, que o homem do povo não decepcionasse, e ele não decepcionou e está sendo o melhor presidente do Brasil dos últimos 50 anos. Desejar o mesmo de Obama, não é utopia.
Estou contigo, Obama.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

TORÇAM PELA ANDRETTI-GREEN EM 2009


Na temporada 2009 da Fórmula Indy, a despeito da crise econômica que abala o mundo e pode causar algumas pequenas mudanças na categoria para o próximo ano, para a Indy ir recuperando seu prestígio e tamanho de outrora, ainda mais agora após a reunificação, seria mais interessante que a Andretti-Green Racing faça um campeonato com supremacia em 2009, tal como fez em 2004 ou 2005.

Lógico que desta vez será mais difícil para a AGR repetir as temporadas 2004 e 2005, pois naqueles 2 anos ela contava com a superioridade dos motores Honda, na qual era a única real grande equipe da categoria a usar os propulsores japoneses, as rivais Penske e Chip Ganassi estavam enfrentando problemas com os Toyotas, e por isso passaram aqueles dois anos fora de combate para o título e a maioria das vitórias das corridas.

Para 2009 a Andretti-Green realmente terá que passar por uma intensa recuperação, já que teve em 2008 um ano tão ruim quanto 2006, onde pôde vencer apenas 2 corridas (a saber: A Japan Indy 300 em Motegi com Danica Patrick e a Richmond Indy Challenge com Tony Kanaan).

O que faltou para a Andretti-Green de 2008, que teve um ano bem pior que o dominante 2007, onde venceu 9 corridas e o título? Faltou combinar dois pilotos experientes e bons acertadores de carros dentro do time. Até 2007 a Andretti-Green contava com a dupla Tony Kanaan e Dario Franchitti, que faziam um excelente “bate-bola” técnico e melhorava todo o nível do time. Com a saída de Franchitti, a responsabilidade ficou totalmente nas costas de Tony Kanaan, que ainda por cima não teve um ano à altura de seu talento.

E em 2008 a Andretti-Green enfrentou problemas de relacionamentos entre seus próprios pilotos, principalmente em incidentes na qual Marco Andretti, o filho do dono do time, causava. Em Indianápolis ele causou a saída de pista de Tony Kanaan, que levou este ao abandono da prova pela 2ª vez na carreira. E na primeira corrida da IRL em sono canadense, a Rexall Edmonton Indy em julho, Marco causou um toque na roda traseira de Danica Patrick que levou esta a sair da pista e perder muitas posições.

Dizem que Michael Andretti “desceu o esporro” em sua turma após esses incidentes, e as coisas voltaram ao normal.

Agora, para 2009, espera-se um ambiente mais harmonioso entre seus pilotos, e que estes já tenham acumulado experiência o suficiente para ao menos substituir Dario Franchitti à altura. Tony Kanaan ainda é o mais forte piloto do time, e caso seus acertos entrem em um bom rumo em 2009, podemos esperar bons resultados por parte do time, o que seria ótimo, em termos mercadológicos, para toda a categoria.

Em tempos de crise, não que a Indy deva forçar a barra, ou “fabricar” alguém ou uma situação, mas é importante que apenas possamos torcer pelo sucesso da categoria, e o sucesso da AGR em 2009 pode ser muito importante para a Indy Racing League continuar atraindo mais atenção, ainda mais em um momento de séria crise financeira onde qualquer índice de crescimento da categoria deve ser muito comemorado.

Os pilotos da Andretti-Green são os que tem o maior apelo junto ao público e nos mercados mais importantes para a Indy.

Danica Patrick, todos já sabem, além de ser mulher, famosa e bonita, atrai público para as corridas, atrai audiência televisiva, maior interesse por parte das pessoas na mídia impressa e eletrônica acerca da Indy. Como ela venceu (finalmente) sua primeira corrida em 2008, em um ano onde o carro da Andretti-Green não estava bem acertado, é de se esperar que se o time melhorar, suas vitórias passem a ficar mais freqüentes, atraindo ainda mais atenção para a categoria. No caso de uma AGR “dominante” em um ano, podemos esperar Danica disputando o título ou ficando ao menos entre os 3 primeiros na classificação? Pode ser possível sim. E caso isso ocorra, a atenção do público ficará ainda maior, em todo o planeta. Bom para Danica, ótimo para a F-Indy.

Marco Andretti, herdeiro da família Andretti, estreou muitíssimo bem em 2006, quase venceu em Indianápolis, ganhou sua primeira corrida em Sonoma, testou a Honda F1 e foi elogiado, o que aconteceu com ele a partir de 2007? Broxou? Acredito mais na imaturidade de alguém que com 19 anos de idade foi alçado inesperadamente á um nível de estrelato que nem ele mesmo imaginava. Isso “subiu” a sua cabeça, e causou uma pilotagem mais imprudente em 2007, onde sofreu dois acidentes onde capotou (Indianápolis e Mid-Ohio) e diversas provas onde abandonou pelos mais diversos motivos, se repetindo os erros em 2008, onde tirou Kanaan de Indianápolis e Danica de Edmonton. Sua recuperação como piloto já está na hora de acontecer, a pressão sobre ele tem que ser menor agora para que ele se refaça, e caso consiga mais consistência e melhores resultados nas pistas, um herdeiro dos Andrettis vencendo, e disputando o título, seria fantástico em termos mercadológicos para a Indy nos EUA, principalmente. E é justamente o mercado americano que a Indy mais tem que apostar agora, mesmo com a crise.

Hideki Mutoh estreou muito bem na F-Indy em 2008, foi o “Rookie of the Year”, e isso foi algo inédito em se tratando de um piloto japonês. Aí está um potencial formidável para a Fórmula Indy: Ter o primeiro piloto japonês a vencer uma corrida em categorias top do automobilismo mundial. Mesmo em um ano complicado para a AGR, Mutoh mostrou muita consistência, terminando a maioria absoluta das corridas e praticamente não se envolvendo em incidentes (as duas únicas “besteiras” foram em Motegi e Edmonton, perdoável quando se lembra que o japonês estava em seu primeiro ano na Indy), algo raríssimo em termos de pilotos nipônicos. Como estreante foi bem, como japonês foi melhor ainda! E como a F-Indy disputa justamente no Japão a sua única corrida fora da América do Norte, aí está o potencial para fazer da Indy ainda mais popular em terras orientais: ter Hideki Mutoh vencendo. Se isto acontecer, mais um ponto para a categoria.

Já Tony Kanaan é um velho de guerra, todos nós o conhecemos bem. Mas a importância de ter Tony Kanaan ganhando aumenta ainda mais em 2009 pelo provável desfalque que o Brasil terá nos times de ponta da F-Indy com a saída de Hélio Castroneves por conta de seu processo por evasão fiscal. Kanaan ficará com a responsabilidade inteira nas costas de vencer para manter o interesse brasileiro na categoria, ainda mais agora que a poderosa Rede Globo está fazendo a festa encima da “concorrência” com Felipe Massa. Kanaan manterá o interesse do Grupo Bandeirantes em transmitir parcialmente a temporada da F-Indy para o Brasil, e outro fator para que Kanaan vença é o fornecimento de etanol tupiniqum para a IRL, pois coincide com um bom momento onde o Brasil também tem que mostrar a sua força em pistas americanas.

Se tivermos um 2009 onde cada um dos 4 pilotos da AGR vença ao menos uma corrida, e pelo menos seu melhor piloto (obviamente Kanaan) dispute o título, já é sinal de melhores dias para a F-Indy, tanto nos EUA, no Japão bem como aqui no Brasil.

Boa sorte Andretti-Green!

COLUNA VIAJANDO: CONVERGÊNCIA ENTRE CART E IRL EM 1996

A imagem mostra o vencedor da Indy500 de 1996, Buddy Lazier. Vitória graças à cisão.

Lógico que não vai mudar nada usar o “e se isso tivesse sido diferente...” com relação aos fatos do passado, mas para refletirmos melhor sobre os desafios que podem aparecer no futuro, é importante pensar no que houve no passado, e no que poderia ter sido feito melhor.

Sobre a longa cisão CART x IRL na Fórmula Indy, que durou “eternos” 12 anos, podemos refletir sobre os acontecimentos que se seguiram assim que a formação da Indy Racing League foi anunciada por Tony George em 1994.

Para quem não sabe, o “TG” tinha um cargo no conselho da... CART! Isso mesmo, em 1992 ele entrou para a CART em um acordo com os dirigentes da categoria, e esse acontecimento mostrava que a CART queria dar espaço para o dono do Autódromo de Indianápolis, reconhecendo a importância histórica, comercial e mitológica da corrida na Fórmula Indy e tudo rumava para que todos fossem felizes para sempre.

Só que o neto de Tony Hulman não era escutado dentro da entidade, quase não tinha poder lá dentro, e começou a se sentir em um “cargo decorativo”, apenas para que simbolicamente o dono de Indianápolis estivesse presente dentro da entidade sancionadora da Fórmula Indy.

Não era isso que ele queria. Tony George, embora tenha seus defeitos, mostrou que tinha visão ao reclamar dos altos e crescentes custos das equipes na F-Indy/CART entre 1992 e 1994.

Onde ele mostrou visão? Ora, no atual momento de crise financeira internacional, embora esteja mais de 15 anos à frente no tempo das reclamações de George, os fatos estão provando ao mundo que para uma categoria de automobilismo sobreviver será imprescindível que os custos não sejam irracionalmente altos, e possam ser controlados.

George decidiu se mexer, e procurou observar tudo de errado que tinha na CART de então. A categoria estava em um forte processo de internacionalização, onde o espaço para pilotos não-americanos era cada vez maior, e o surgimento de talentos americanos estava ficando escasso. George decidiu que fundando uma nova categoria poderia ser o local ideal para surgir e desenvolver estes talentos, mas sem nenhum tipo de impedimento que os estrangeiros participassem e vencessem, até porque a história mostra que na IRL havia presença de pilotos não-americanos desde o início.

Outra falha na CART de então, e que até um fã criado na “cultura CART” da F-Indy como eu consegue concordar, era a pouca presença de circuitos ovais naqueles tempos. Só para constar, estamos falando do período pré-cisão, que pode ser considerado de 1992 até 1995. Pois bem, nestes anos haviam apenas 6 pistas ovais no calendário da CART, e haviam em média 16 corridas por ano. Isso significa apenas um pouco mais de um-terço das corridas anuais de Indycars disputadas nas velozes pistas que exigem apurada técnica. Os ovais são o diferencial da F-Indy com relação a sua rival européia, Fórmula 1, e formam a essência da formação da cultura “Indy”, não podendo haver um calendário tão enxuto de ovais.

Assim Tony George juntou as peças para o circo que queria armar: Maiores condições de pilotos americanos competirem, mais circuitos ovais e menores custos. Ele usou essa estratégia e esses argumentos para inaugurar seu campeonato. Há quem, até hoje, acredita que Tony George queria eternamente fazer um campeonato de F-Indy nesses moldes. Grande engano, pois isso foi usado apenas para o início, mas ao longo do tempo tudo isso mudou, e a IRL de hoje tem pouquíssimo a ver com aquela categoria inicial.

O dono do oval de Indianápolis seguiu em sua estratégia de criar um novo campeonato de Fórmula Indy, paralelo ao da CART. Mas a sua intenção não era o de impedir com que os pilotos e equipes da CART competissem na recém-nascida IRL, pelo contrário, essa era justamente a intenção dele: ter os melhores carros e pilotos.

No início de 1995 George anunciou a construção do “Walt Disney World Speedway”, em Orlando, Flórida. Um oval de 1 milha na qual ele entrou de sócio na construção, junto com o Walt Disney World. A corrida seria no mês de janeiro, no sábado véspera do Super Bowl americano, onde a grande mídia do país estava focada neste evento esportivo e atraía um imenso número de americanos á lerem os jornais esportivos. Era a chance de conseguir atenção para a liga de automobilismo.



Anunciou-se também mais 2 corridas, além da tradicional de Indianápolis: Phoenix e Las Vegas, em um oval que ainda estava em construção. Mais algumas semanas e a entrada do oval de New Hampshire para a IRL era anunciada, desfalcando a CART de 3 corridas suas de um ano para o outro, Indianápolis, Phoenix e New Hampshire.

Quando George anunciou o calendário, procurou que não coincidissem datas com aquelas na qual acreditava que CART faria corridas em 1996.

O primeiro calendário foi:


*27 de Janeiro de 1996 - 200 Milhas da Disney (no Walt Disney World Speedway)


*24 de Março de 1996 - 200 Milhas de Phoenix (no Phoenix International Raceway)


*26 de Maio de 1996 - 500 Milhas de Indianápolis (no Indianápolis Motor Speedway)


*18 de Agosto de 1996 - 200 Milhas de New Hampshire (no New Hampshire International Speedway)

*15 de Setembro de 1996 - 300 Milhas de Las Vegas (no Las Vegas Motor Speedway)

Procurando manter Phoenix e New Hampshire em datas próximas as quais realizou suas corridas em 1995, ainda na CART, ajustou as demais para épocas onde a CART não estaria realizando sua temporada, que naquela época começava no início de Março e ia até o segundo domingo do mês de Setembro.

Só que a CART, para não perder suas ricas equipes e seus pilotos para a IRL decidiu ignorar a liga rival, e marcou corridas em datas que impediam as equipes da CART de competirem também na outra F-Indy. O anúncio do calendário 1996 da CART foi feito após à formalização das datas das corridas da IRL.

Inviabilizando uma viagem de alguns times da CART para Phoenix em 24 de Março de 1996, a entidade então comandada por Andrew Craig marcou para a semana anterior a primeira corrida de Fórmula Indy no Brasil, no oval de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. E para a semana seguinte de Phoenix, a corrida de Surfer’s Paradise na Austrália. Com os times e pilotos da CART fora dos EUA, a corrida em Phoenix estaria esvaziada.

E no dia 18 de Agosto de 1996, data das 200 Milhas de New Hampshire da IRL, a CART agendou o GP de Elkhart Lake, no autódromo misto do Wisconsin. Era a tática da entidade de Andrew Craig para retaliar as deserções de Phoenix e New Hampshire.

Só que a CART ao menos aceitava a idéia de que seus times e pilotos estivessem presentes nas 500 Milhas de Indianápolis de 1996, da rival IRL, desde que disputassem o seu próprio campeonato. O motivo era financeiro, já que esta corrida movimenta muito dinheiro e seus prêmios são altíssimos, sem contar a imensa tradição.

A IRL, no canto dela, estava tentando emplacar seu próprio campeonato, e a CART tomou uma medida para neutralizar o campeonato rival. Tony George então tomou uma decisão drástica, que foi mal interpretada por muitos: No melhor estilo “ou eu ou eles”, forçou as equipes e pilotos da CART a se decidirem por correr nas 500 Milhas de Indianápolis ou no campeonato da CART, já que em ambos os campeonatos tornara-se impossível.

A decisão de George foi reservar 25 vagas no grid das 500 Milhas de Indianápolis de 1996 para os carros que estivessem competindo no campeonato da Indy Racing League daquele ano.

Aí a briga ficou séria. George acreditava que com essa medida ao menos metade do grid da CART viria para seu campeonato apenas por conta da Indy500. Mas não foi isto que aconteceu.

Em seguida a CART agendou para o mesmo dia, 26 de Maio de 1996, uma corrida de 500 Milhas com premiação de US$ 1 milhão, a “U.S. 500”, 500 Milhas dos Estados Unidos, no oval de Michigan.

E manobras nos bastidores, dentro da CART, garantiram que ninguém iria para Indianápolis em 1996, e assim apenas duas equipes muito fracas, a A.J.Foyt Enterprises e a Dick Simon Racing, se mudaram da CART para a IRL entre 1995 e 1996.

O resto da história muitos já sabem: Tony George encheu o grid de seu campeonato com equipes fraquíssimas de campeonatos de midgets americanos, que trouxeram muitos pilotos desconhecidos para a recém-fundada liga, e a CART manteve-se mais forte por mais 5 anos em separação completa da IRL, até iniciar sua longa decadência onde perdia equipes, patrocinadores, pilotos e fornecedores para a F-Indy rival entre 2001 e 2004.

Agora vamos para os “e se isso tivesse sido diferente...”.

Se ao menos a CART e a IRL buscassem uma convergência desde antes do fechamento dos calendários, a cisão não teria durado tanto tempo, ou ao menos ambas não teriam “se auto-destruído” ao ponto de causar um período de enfraquecimento das corridas de Indycars.

E motivos para acreditarem que essa convergência era a melhor coisa a fazer naquele momento não faltavam: a NASCAR já estava crescendo e se expandindo por todo o território americano, deixando de ser o regional da Carolina do Norte que era até os anos 80.

Existir dois campeonatos de uma mesma categoria até não seria um enorme problema caso ambos os campeonatos tivessem o mesmo regulamento técnico, calendários sem conflitos de datas e os mesmos pilotos e equipes em ambos. Seria um estímulo para alguns, que se não conseguissem vencer na CART, poderiam tentar algo melhor na IRL.

Vamos fazer uma suposição. O que aconteceria se a CART e a IRL não agendassem corridas em datas conflitantes?

Teríamos um ano de 1996 com 20 corridas de Indycars, sendo 10 delas em circuitos mistos e 10 em circuitos ovais. Uau! Belíssima alternância de tipos de pistas!

Apenas com um calendário sem conflitos seria possível essa hipotética temporada que vou supor, já que a IRL de 1996 foi disputada realmente com o mesmo regulamento técnico da CART, embora a partir de 1997 a primeira adotou um regulamento técnico completamente diferente do que a rival de Andrew Craig, deixando o abismo entre ambas ainda maior.

Teríamos a seguinte seqüência de corridas, em ordem cronológica, e duas observações:

(IRL) 27 de Janeiro de 1996 – 200 Milhas da Disney (Walt Disney World Speedway) – Oval de 1 milha
(CART) 03 de Março de 1996 – 200 Milhas de Miami (Homestead Motorsports Complex) – Oval de 1,5 milha
(CART) 17 de Março de 1996 – 400 Kms do Rio de Janeiro (Autódromo de Jacarepaguá) – Oval de 3 kms
(CART) 31 de Março de 1996 – GP de Surfer’s Paradise (Gold Coast, Austrália) – Circuito de rua
*(IRL) 07 de Abril de 1996 – 200 Milhas de Phoenix (Phoenix International Raceway) – Oval de 1 milha
(CART) 14 de Abril de 1996 – GP de Long Beach (Califórnia, EUA) – Circuito de rua
(CART) 28 de Abril de 1996 – 200 Milhas de Nazareth (Nazareth Speedway) – Oval de 1 milha
(IRL) 26 de Maio de 1996 – 500 Milhas de Indianápolis (Indianápolis Motor Speedway) – Oval de 2,5 milhas
(CART) 02 de Junho de 1996 – 200 Milhas de Milwaukee (The Milwaukee Mile) – Oval de 1 milha
(CART) 09 de Junho de 1996 – GP de Detroit (The Raceway on the Belle Isle Park) – Circuito de rua
(CART) 23 de Junho de 1996 – GP de Portland (Portland International Raceway) – Autódromo misto
(CART) 30 de Junho de 1996 – GP de Cleveland (Burke Lakefront Airport) – Circuito de Aeroporto
(CART) 14 de Junho de 1996 – GP de Toronto (Exhibition Place) – Circuito de rua
(CART) 28 de Junho de 1996 – 500 Milhas de Michigan (Michigan International Speedway)– Oval de 2 milhas
(CART) 11 de Agosto de 1996 – GP de Mid-Ohio (Mid-Ohio Sports Car Course) – Autódromo misto
(IRL) 18 de Agosto de 1996 – 200 Milhas de New Hampshire (N.Hampshire Int’l Speedway) – Oval de 1 milha
**(CART) 25 de Agosto de 1996 – GP de Elkhart Lake (Road América) – Autódromo misto
(CART) 01 de Setembro de 1996 – GP de Vancouver (Concord Pacific Place) – Circuito de rua
(CART) 08 de Setembro de 1996 – GP de Laguna Seca (Laguna Seca Raceway) – Autódromo misto
(IRL) 15 de Setembro de 1996 – 300 Milhas de Las Vegas (Las Vegas Motor Speedway) – Oval de 1,5 milha

* = A corrida da IRL em Phoenix originalmente ocorreu em 24 de Março de 1996. Esta data de 07 de Abril é hipotética, e teria servido para não conflitar com as corridas da CART no Brasil e Austrália.

** = A corrida da CART em Elkhart Lake originalmente ocorreu em 18 de Agosto de 1996. Esta data de 25 de Agosto é hipotética, e teria servido para não conflitar com a corrida da IRL em New Hampshire.

Lembrar que na corrida da IRL em Las Vegas tivemos de verdade uma pequena participação de pilotos e equipes da CART, que se encontravam voltando da última etapa deste campeonato em Laguna Seca. A Walker de Robby Gordon foi para Las Vegas e a Della-Penna de Ritchie Hearn, disputou algumas poucas corridas da CART durante o ano, e venceu a corrida de Las Vegas pela IRL.

Com este calendário teríamos algo parecido com o que ocorria na Fórmula 3 Inglesa até o final dos anos 70, onde havia 2 campeonatos diferentes, mas o regulamento técnico era o mesmo, e os calendários evitavam conflitos.

Supor quem da CART de 1996 teria corrido também nas 5 corridas da IRL soa abstrato demais, já que na vida real não houve quem desse fortes indícios disso, com exceção da Walker, Della Penna e Galles (esta última botou 1 carro na CART e 1 na IRL).

Mas a convergência no calendário teria sido o início de um entendimento, mesmo que por alguns anos existissem dois campeonatos, desde que tivessem o mesmo regulamento técnico e datas diferentes. Ao menos a “guerra civil” não teria acontecido na Indy, e criaria-se uma situação onde todos sairiam ganhando, como no Futebol americano, onde há duas entidades, cada uma com seu campeonato, a AFL (American Football League) e a NFL (National Football League), elas buscaram um entendimento e o campeão nacional se dá entre o vencedor da liga da AFL contra o campeão da NFL, no famoso Super Bowl no final de janeiro.

Nas Indycars, teríamos as 500 Milhas de Indianápolis como o grande Super Bowl do automobilismo.

Oportunidades para a CART não se guiar pela arrogância naquela ocasião e de Tony George tentar a conciliação ainda era possível. Ambos não quiseram, e após 12 anos estamos aqui, torcendo para a Indy voltar a seus grandes dias sem mais divisões.